FREGUESIA DE ALCOUTIM


A POPULAÇÃO DA FREGUESIA DE ALCOUTIM:  1) Número de habitantes;  2) Variação do número de habitantes; 3) Taxas de crescimento da população; 4) Evolução da população comparada (1900-1960; 1960-2011); 5) Proporção face ao total da população do concelho: 6) Densidade demográfica; 7) Número de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 8) Percentagem de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 9) Diferenças por grupo etário (1878-2011); 10) Escolaridade e taxas de analfabetismo em 2011.



DESCRIÇÃO DA FREGUESIA DE ALCOUTIM EM 1875

Vila, Algarve, comarca de Tavira, 25 quilómetros ao EE. de Castro Marim, 85 a E. de Faro, 300 ao S S. de Lisboa,

700 fogos, 2:800 almas. Tinha em 1666, 200 fogos. Concelho 1:800 fogos.

Orago S. Salvador.

Bispado do Algarve, distrito administrativo de Faro.

Está situada na encosta de uma montanha, sobre a margem direita do Guadiana.

É praça de armas fechada, e foi uma das boas fortalezas de Portugal.

Nesta vila justaram pazes (depois de grandes guerras) D. Fernando de Portugal, com D. Henrique de Castela, em 31 de março de 1369. (R. M. da Silva diz que foi em 31 de março de 1371, é erro.)

Em frente (na margem esquerda do Guadiana está a vila espanhola de S. Lulucar.

É cercado de muralhas com seu castelo. O Castelo é quadrado, muito tosco e arruinado. Tem armazéns para apetrechos de guerra e cisterna entulhada há mais de 120 anos.

É povoação muito antiga, e, se não é fundação romana, é do principio do domínio sarraceno. É certo que antigamente se chamava “Alcoutinium”, o que induz a crer que já existia no tempo dos romanos.

Parece que os árabes lhe chamavam Alcatiâ (donde nós fizemos, alcateia) que significa manada ou rebanho de gado. 

Também significa alcateia de lobos (e talvez seja isto, por haver então muitos lobos na serra próxima.)

Aqui estamos nós num dilema. 

É indubitável que antigamente se escrevia Alcoitinium. Esta palavra (como já disse) leva-nos a crer que é romana. Por outra parte, Alcatiâ, é incontestavelmente árabe. Se os nomes fossem muito diferentes, diria que os árabes a crismaram; mas nada, a cousa é com toda a probabilidade, a mesma.

E então, ou a palavra era romana (hum!) e os árabes a africanizaram, ou ignora-se o nome que teve no tempo dos romanos (se é que então já existia) e o Alcoitim é corrupção de Alcatiâ. Nada prova (na minha opinião) o “nium”. Todos sabem que desde o tempo dos godos e ainda no dos nossos primeiros reis, tudo o que era oficial se escrevia em latim macarrónico e já se vê que para se latinizar Alcoitim se dizia Alcoitinium.

Os primogénitos dos marqueses de Vila Real, eram condes de Alcoutim, por mercê de D. Manuel, em 1520. Aqui principia a serra de Monchique.

D. Sancho II a tomou aos mouros em 1240. D. Dinis a mandou povoar, fazendo-lhe ou reedificando-lhe o Castelo e muralhas, e dando-lhe foral, em Beja, a 9 de janeiro de 1304, com todos os privilégios de Évora.

R. M. da Silva, na “Poblacion general de Espana”, diz que D. Dinis a povoou em 1300. Podia mandá-la este rei povoar em 1300 e só lhe dar foral daí a 4 anos. D. Dinis, quando a mandou povoar a deu á Ordem de Santiago. 

Philippe IV, para premiar a traição dos Noronhas, fez conde de Alcoutim a D. Pedro Portocarreiro de Menezes e Noronha, em 1641. Era filho d'outro D. Pedro Portocarreiro, conde de Medelim e de D. Maria Beatriz de Menezes e Noronha, irmã do duque de Caminha e filha do marquês de Vila Real, que morreram degolados por traidores em 1641 (vide Caminha.) Este título não pegou.

D. Manoel lhe deu foral novo, com os mesmos privilégios, em Évora, a 20 de março de 1520.

Tem misericórdia e uma albergaria.

É muito fértil em cereais e frutas, tem muito bom vinho e cria bastante gado, grosso e miúdo.

A serra é abundante de caça e o Guadiana produz muito e bom peixe.

É também farta de peixe do mar, que lhe vem de Vila Real de Santo António e Castro Marim.

É da casa do infantado.

A igreja é de três naves e sofrível.

Era couto no crime para 30 criminosos, por privilégio de D. Afonso V, e para 40 no cível, por privilégio de D. Dinis.

A muralha tem três portas (a do Guadiana, a de Tavira e a de Mértola.)

Próximo à porta de Tavira, que fica ao O. em uma pedra tem uma inscrição que diz: “Alfonsus VI. Rex Portugaliae et Algarbiorum, 1661”.

Em um cerro, ao N. da vila, se veem vestígios de fortificações muito antigas. Junto a este cerro (que chamam de Santa Bárbara) há um rochedo que se fortificou no século passado e se lhe colocou artilharia, que bastante mal fez a S. Lucar.

Duas ribeiras dividem esta freguesia, que são o Vascão e Foupana: a primeira morre no Guadiana, na Foz do Vascão; e a segunda morre no mesmo rio, na Foz do Deleite. O Guadiana a banha de E. a O.

D. José I a fez vila e nomeou para aqui Juiz de fora, em 1758.

Era priorado apresentado pela Ordem de Santiago, e depois pelo bispo do Algarve.

In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal (1873, Vol. 1, Pág. 80 )