FREGUESIA DE PADERNE


A POPULAÇÃO DA FREGUESIA DE PADERNE:  1) Número de habitantes;  2) Variação do número de habitantes; 3) Taxas de crescimento da população; 4) Evolução da população comparada (1900-1960; 1960-2011); 5) Proporção face ao total da população do concelho: 6) Densidade demográfica; 7) Número de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 8) Percentagem de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 9) Diferenças por grupo etário (1878-2011); 10) Escolaridade e taxas de analfabetismo em 2011.



DESCRIÇÃO DA FREGUESIA DE PADERNE EM 1875

Freguesia, Algarve, concelho de Albufeira, comarca de Paderne, 30 quilómetros de Faro, 240 ao Sul de Lisboa.

Tem 500 fogos. Em 1757, tinha 402 fogos.

Orago, Nossa Senhora da Esperança.

Bispado e distrito administrativo do Algarve.

A mesa da consciência, apresentava o prior, que tinha 140 alqueires de trigo, 105 de cevada, 4 almudes de vinho, e 15$000 réis em dinheiro.

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É povoação antiga e foi uma grande vila, defendida por forte castelo, construído pelos mouros, aos quais o tomou o grande D. Paio Peres Correia, em 1248.

D. Dinis I doou este castelo ao mestre de Avis, D. Lourenço Anes, com o padroado da igreja, por carta régia, do 1º de janeiro de 1305.

O castelo fica distante 2 quilómetros da povoação.

Tem dentro do seu recinto, a capela de Nossa Senhora da Assunção; mas as fortificações estão muito arrumadas.

Fica este castelo a 12 quilómetros a Este da vila de Albufeira, no monte chamado também Paderne, que, provavelmente deu o nome á vila, ou dela o tomou.

O monte é muito alto, e ao sopé corre a ribeira da Quarteira, do lado da qual, faz o cabeço um medonho despenhadeiro, tão perpendicular, que horroriza, e ninguém pode subir á fortificação, por este lado.

O monte é quase uma península, por estar cercado pelo Quarteiro, na margem do qual, os condes de Vale de Reis (hoje duques de Loulé) têm uma quinta, que em tempos antigos foi das mais ricas e formosas do Algarve, pelos seus grandes pomares de espinho, hortas, campos e jardins; e hoje está em total abandono e ruína a sua grande casa, e os pomares convertidos em terras de lavoura; mas, muito férteis.

Chama- se mesmo, quinta da Quarteira. No topo deste monte, ou penhasco, é que os árabes edificaram o castelo, quadrado, que ocupa todo o plató do cabeço, tendo cada lado uns 40 metros.

Durante a dominação muçulmana, e ainda nos princípios da nossa monarquia, era esta fortaleza uma das mais terríveis do Algarve, não só pela sua alcantilada posição, como porque as suas paredes eram formadas de formigão, tão forte e tenaz, que excedia em dureza as muralhas de pedra.

Era exteriormente cercada de torres, da mesma matéria. A porta principal, fica ao Este, e é defendida por duas torres.

A ermida da Senhora da Assunção, vulgarmente chamada, do Castelo, fica no centro do recinto deste.

É pequena e o tecto da capela-mor é de abóbada. Além do altar-mor, tem dois laterais. Foi a matriz primitiva da povoação de Paderne; mas depois, se fundou uma nova e mais vasta igreja, dentro da povoação, e é a que existe.

Parece que esta igreja foi construída pelos anos de 1500. Era da ordem de Avís, e um dos seus freires era obrigado aos concertos e paramentos da capella do castelo.

Antigamente se fazia á Senhora do Castelo, uma grande romaria, pela festa da Assunção, vindo gente de Loulé, Albufeira e outras muitas terras.

Também se lhe fazia outra festa a 25 de março, dia da sua Anunciação.

Os povos destes sítios tinham grande devoção com esta Senhora.

A igreja matriz da freguesia é um bom e antigo templo, de três naves, com altar-mor e oito laterais.

O pároco é administrador de uma pequena albergaria, para viandantes pobres, que tem de renda, 16 alqueires de trigo, e 4$800 réis em dinheiro.

Parece que o nome lhe provém de Paterna, nome próprio de mulher. 

Próximo á povoação, passa a ribeira do Algibre, nome corrupto do árabe Al-jabá - o monte—vem a ser—ribeira do monte. Nasce no sítio também chamado Algibre. Junto a Paderne, se lhe junta o ribeiro de Alte, e vão desaguar na praia da Quarteira. Esta ribeira é perene no verão, e muito caudalosa no inverno. Rega, mói, e traz peixe. Suas margens são bonitas em algumas partes, e muito férteis.

Esta povoação fica a pouca distância da famosa capela de Nossa Senhora da Orada.

Entre esta povoação e a de Alte, existe um manancial de água puríssima, chamada Fonte Santa.

Supõe-se que se refere a esta fonte a bonita lenda que se canta no Algarve, e é a seguinte:  “A fonte das almas”

E uma tarde de maio,

De tais flores perfumada,

Que a Virgem. Mãe do Rosário,

De tanto encanto enlevada,

Junto á margem de um ribeiro

Céu e terra contemplava.

Nas águas que ali corriam

Via-se ela retratada,

E dos mirtos e roseiras

Que o ribeiro refrescava,

Uma capela tecera

Para a Virgem da Orada.

Tecida que era a capela,

Logo dali se ausentara,

Levando no seu regaço

O Filho que tanto amara.

Indo em meio do caminho,

Grande calor apertava:

Água o Menino pedia,

Mas sua Mãe não lha dava,

Que dentre aquelas estevas

Nenhuma água brotava.

Crescia a sede, crescia,

E então a Virgem parava.

Lança olhos á ventura,

Vê uma rocha escarpada,

Onde o sol dava de chapa,

Com tal ardor, que queimava.

Palavra que a Virgem disse

Logo pelo Céu entrara,

E o rochedo que a ouvira,

Em fonte se transformara,

E logo da penha seca

Pura e fresca água jorrava,

Que aos pés da Virgem corria

Como que os pés lhe beijava.

Tendo o Menino bebido,

Logo a fonte se cercara

De alecrins e manjeronas

Que regava a água clara.

Desde então foi esta fonte

Chamada a Fonte Fadada.

Dera-lhe a Virgem três chaves

Uma de ouro e as mais de prata;

Uma, para ser aberta;

Outra, para ser fechada;

E outra, para ali guardar

Almas puras como a água.

Das almas que a Santa Virgem

Muitas vezes lá guardara,

Ficou-lhe o povo chamando

A fonte santa das Almas.

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In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal (1875, Vol. 6, Pág. 399)